Apropriação da escrita por crianças em contextos sociais adversos /

Resumo: O presente trabalho tem origem em nossas vivências como professora alfabetizadora na escola pública em contextos de periferias urbanas, o que nos levou ao envolvimento com questões relativas a (não)aprendizagem das crianças em seu processo de alfabetização. Por outro lado, a inserção na vida...

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Detalhes bibliográficos
Principais autores: Medeiros, Adriana Francisca de., Lopes, Denise Maria de Carvalho., Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Formato: Dissertação
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Endereço do item:https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/14392/1/AdrianaFM_DISSERT.pdf
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Descrição
Resumo:Resumo: O presente trabalho tem origem em nossas vivências como professora alfabetizadora na escola pública em contextos de periferias urbanas, o que nos levou ao envolvimento com questões relativas a (não)aprendizagem das crianças em seu processo de alfabetização. Por outro lado, a inserção na vida acadêmica nos aproximou de perspectivas de compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, bem como do papel que no meio sociocultural tem nesses processos. Dessas experiências, emergiram os questionamentos que guiaram nossa investigação: em que contextos/situações crianças que vivem em um meio socialmente adverso se apropriam de conhecimento acerca da linguagem escrita? Onde, com quem, como e o que aprendem as crianças de tal meio sobre a escrita como prática cultural? Tendo como objetivo de estudo os contextos/situações em que crianças que vivem em contextos sociais marcados por condições adversas de extrema pobreza se apropriam de conhecimentos pertinentes a linguagem escrita, definimos como objetivo ,Analisar contextos/situações (intra e extra escolares) em que crianças que vivem em um meio social adverso interagem e se apropriam de conhecimentos pertinentes a linguagem escrita. O campo de estudo foi a comunidade Frei Damião, localizada na periferia de Caicó, RN, originária de um lixão e reconhecida na região por ser economicamente carente, com alto índice de analfabetismo e baixíssimo nível de qualidade de vida(escassez de condição sanitárias, serviços públicos de saúde, saneamento e segurança, dentre outros próprios de meios urbanos). Assumindo os princípios da pesquisa qualitativa e as características de um estudo de caso, tomamos como sujeitos do estudo, nove crianças, com idade entre sete e oito anos, residentes na comunidade e estudantes da escola no segundo ano do Ensino Fundamental. Além das crianças, foram também consideradas como sujeitos, suas mães, a diretora e duas funcionárias da escola. Os dados foram construídos a partir de entrevistas semi-estruturadas, questionários e anotações em diário de campo. Da sistematização desenvolvida com base nos princípios da análise de conteúdo emergiram evidências de que,mesmo vivendo em um ambiente marcado pela escassez de bens materiais, como de práticas e materiais escritos , as criança constroem conhecimentos significativos sobre a escrita, apresentando níveis avançados de conceitualizações sobre o funcionamento do sistema alfabético. Tais construções resultam de interações em que se envolvem em diversos contextos intra e extra escolares em sua comunidade nos quais são mediados, tanto por seus pais, em suas casas como pelas professoras, na escola. Mesmo analfabetos ou com pouca instrução escolar, verificou-se que os pais inserem as crianças em processos de letramentos e alfabetização ao valorizarem a escrita e seu aprendizado. Enquanto contexto de interação e apropriação de conhecimentos destaca-se, na comunidade, a escola e suas práticas. Mediante parcos recursos e limites, a professora cria situações de aprendizado do funcionamento do sistema da escrita e de habilidades textuais, aproximando as crianças da escrita como linguagem. Esses resultados apontam para a necessidade de reflexões e reformulações acerca das possibilidades da escola pública na promoção de educação de qualidade para as crianças de meios populares.#$&Resume:Cet étude prend source dans nos vécus en tant qu'enseignantes d'alphabétisation dans l'école publique dans le cadre des périphéries urbaines, ce qui nous conduisit à être pris par des questions en rapport à la (non) apprentissage des enfants dans son processus d'alphabétisation. D'autre part, l'insertion dans la vie académique nous a rapproché des perspectives de compréhension des processus d'apprentissage et de développement des enfants, ainsi que du rôle que le milieu socioculturel joue dans ces processus. De ces expériences émergèrent les questionnements qui guidèrent notre enquête: dans quels contextes/situations des enfants qui vivent dans un milieu socialement hostile s'approprient des connaissances au sujet du langage écrit? Où, avec qui, comment et qu'es-ce qu'apprennent les enfants de tel milieu sur l'écriture comme pratique culturelle? Le terrain d'étude fût la communauté Frei Damião, située dans la périphérie de la ville de Caicó (RN), issue d'une décharge publique (lixão) et reconnue dans la région par son taux élevé illettrisme pour vivre très en dessous du seuil de pauvreté (pénurie de conditions sanitaires, de santé publique, manque d'assainissement et de sécurité, parmi d'autres besoins propres des milieux urbains). Suivant les principes de l'enquête qualitative et les caractéristiques d'un étude de cas, nous avons pris comme sujets d'études neuf enfants, âgées entre sept et huit années, résidentes dans cette collectivité, et élèves en deuxième année de l'École élémentaire. En plus des enfants, les mères, la proviseur et deux fonctionnaires de l'école furent également sujets de cette recherche. Les données ont été construits à partir des entretiens semi-structurés, des questionnaires et journal de bord. De l'analyse de contenu surgirent des évidences que, malgré l'existence dans une environnement marqué par la pénurie de biens ainsi que de pratiques et d'un matériel écrit, les enfants construisent des d'importantes connaissances sur l'écriture, et présentent un haut niveau de conceptualisations sur le fonctionnement du système alphabétique. Ces constructions résultent d'interactions issues de situations dans et hors-école dont les parents (à la maison) et l'institutrice (à l'école) jouent le rôle de médiateurs. Bien qu'illettrés ou avec peu d'instruction, il s'est avéré que les parents insèrent les enfants dans des processus de formation et d'alphabétisation lorsqu'ils mettent en valeur l'écriture et son apprentissage. L'école et ses pratiques, en tant qu'espace d'interaction et d'appropriation de connaissances, se montre en évidence dans cette communauté. Moyennant peu de ressources l'institutrice crée des situations d'apprentissage du système d'écrite ainsi qu'habilités littérales, rapprochant les enfants de l'écriture en tant que langage. Ces conclusions démontrent le besoin de réflexions et reformulations autour des possibilités de l'école publique dans la promotion de l'éducation de qualité pour les enfants de milieux populaires.