Diagnóstico situacional da Comunidade Quilombola Negros do Riacho (resultados preliminares)

Introdução: A história do Brasil, construída sobre as bases da desigualdade, reservou à população negra o lugar das classes sociais mais pobres e de condições mais precárias. A persistência desta situação ao longo dos anos é facilmente observada na precocidade dos óbitos, nas altas taxas de mortalid...

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Detalhes bibliográficos
Principais autores: Oliveira, Felipe Benevides de Souza, Souza, Renata Alexia de Brito, Gomes, Pedro Silvério, Lopes, Sócrates Dantas, Câmara, Rafael Barros Gomes da
Formato: conferenceObject
Idioma:pt_BR
Publicado em:
Assuntos:
Endereço do item:https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/45742
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Resumo:Introdução: A história do Brasil, construída sobre as bases da desigualdade, reservou à população negra o lugar das classes sociais mais pobres e de condições mais precárias. A persistência desta situação ao longo dos anos é facilmente observada na precocidade dos óbitos, nas altas taxas de mortalidade materno/infantil, na maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas, bem como nos altos índices de violência urbana que incidem sobre a população negra. Atualmente há no país cerca de 2000 áreas remanescentes de quilombos, e uma destas é a comunidade quilombola Negros do Riacho, situada no município de Currais Novos/RN. Optou-se em desenvolver uma pesquisa-ação nesta comunidade por se tratar de um espaço-território social/geográfico que aparenta necessitar da interlocução com as instituições públicas devido ao potencial estado de vulnerabilidade social em que se encontra. Objetivos: Realizar um diagnóstico situacional das condições de vida de indivíduos residentes na comunidade quilombola “Negros do Riacho”, para o delineamento de intervenções que possibilitem melhorias nas oportunidades de sustentabilidade e saúde. Metodologia: Para se realizar o diagnóstico situacional da comunidade, a coleta de dados relacionados ao perfil socioeconômico dos indivíduos, suas atividades produtivas, hábitos de vida e situação de saúde, foi realizada por meio de entrevistas presenciais semiestruturadas, tomando como base os inquéritos utilizados pelo Censo/IBGE e pelo VIGITEL. Essas informações foram coletadas em formulários familiares e individuais após cadastramento dos indivíduos no Programa de Extensão e concordância com os termos do TCLE. Somente indivíduos maiores de idade responderam o questionário, e até o momento 11 casas foram visitadas, com 15 questionários aplicados. Resultados e discussão: Até o momento, 56% dos entrevistados encontram-se desempregado, sendo a principal fonte de renda familiar o Bolsa Família em todas elas, 50% destes realizam atividades econômicas para complementar a renda tais como: exploração de lenha e produção de carvão (62%); artesanato com barro (12%); agricultura (21%); e criação de animais (50%). No geral, a moradia dos entrevistados possuem abastecimento de água encanada (66%) e outros retiram de poços ou através de carro pipa (44%). O consumo da água se da de forma direta em 75% das casas e apenas em 19% a água é filtrada. O destino do esgoto são fossas em 44% das casas e em 56% acabam indo para o meio ambiente do mesmo modo o lixo (44%), em outros casos acaba sendo queimado (56%). Foi possível observar também que o consumo de carnes é bastante escasso, tanto a vermelha (44%) como a branca (50%) são citadas como consumidas apenas duas vezes na semana. Cerca de 46% afirmaram nunca ingerir leite e 37% nunca ingeriu refrigerante, porém relataram consumir suco ou frutas pelo menos duas vezes durante a semana (87%). Quando questionados sobre hábitos de vida e lazer a maior parte (81%) apontou assistir televisão como o principal, além desse foi citado: visitar amigos (50%), igreja (44%) e prática de esporte (31%), destaque para o futebol. Esses dados revelam as dificuldades nas quais os entrevistados vivem, o quanto eles são vulneráveis seja no âmbito econômico seja no âmbito da saúde; e a falta de opções de lazer na comunidade. Conclusão: A comunidade Negros do Riacho diante dos aspectos observados enfrenta diversas dificuldades devido a pouca atuação da esfera pública no reconhecimento de que os quilombolas são providos de direitos não só básicos, mas também específicos da comunidade. Dentre dessas deficiências é necessário direcionar esforços técnicos e financeiros para o fortalecimento de ações no sistema de saúde da comunidade, como a instalação de uma Unidade Básica de Saúde no território. Criação de espaços de convivência ou algum tipo de lazer para os quilombolas é outra demanda importante. No quesito trabalho, pode-se fomentar a atividade já praticada por mulheres que é o artesanato em barro e cursos de capacitação profissional, no geral. Com a geração de renda, o acesso aos bens e serviços essenciais busca-se uma melhora na qualidade de vida. Por fim deve-se haver uma educação no destino do lixo e do esgoto, para que diminua o risco de transmissão e contato com doenças; assim como preservação do meio ambiente.