Mídia, infância e prática pedagógica

No presente momento, é consensual afirmar que as crianças encontram-se imersas em ambientes sociais repletos de apelos midiáticos e tecnológicos. Esse contato vem ocorrendo cada vez mais cedo, principalmente, porque esses aparatos vêm sendo utilizados como brinquedos e formas de entretenimento infan...

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Detalhes bibliográficos
Principais autores: Mara, Sandra, Cordeiro, Sandro
Formato: book
Idioma:pt_BR
Publicado em: SEDIS_UFRN
Assuntos:
Endereço do item:https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/27388
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Descrição
Resumo:No presente momento, é consensual afirmar que as crianças encontram-se imersas em ambientes sociais repletos de apelos midiáticos e tecnológicos. Esse contato vem ocorrendo cada vez mais cedo, principalmente, porque esses aparatos vêm sendo utilizados como brinquedos e formas de entretenimento infantil. O que se questiona, nesse contexto, são as potencialidades das mídias e tecnologias e a necessidade de uma mediação do adulto frente às situações instauradas, no sentido de promover um acesso crítico e criativo. Conforme aponta Buckingham (2007), discute-se hoje sobre os “direitos de mídia das crianças”, bem como sobre a urgência de implementação de políticas públicas e práticas pedagógicas que aproximem as mídias e as tecnologias da infância. A intenção é de assegurar que esse acesso seja igualitário, sinalizando a necessidade de inserirmos tais discussões no currículo escolar, que hoje está negligenciado. Ele aponta, ainda, a respeito das mudanças de enfoque das pesquisas em Mídia-educação, transferindo-se de abordagens voltadas para a defensividade, e enveredando-se para os modos de utilização e significação das mídias pelas crianças e jovens, encarados como protagonistas e produtores culturais. É preciso ter coragem para prepará-las a enfrentar e compreender esse mundo digital,tornando-as participativas e engajadas no uso responsável e produtivo das mídias. Desenvolver essa compreensão não é tão simples quando possa parecer. Os cursos de formação inicial, principalmente, têm secundarizado essa discussão. Quando enxergamos uma luz no fim do túnel – presença de componente curricular nos cursos de graduação – as discussões caminham por uma perspectiva teórica, estéril, desvinculada da prática, pouco contribuindo para ampliar o olhar dos futuros professores.O entendimento desse “direito” passa por uma procura solitária e por inclinação dos professores, que buscam na pós-graduação o caminho para a obtenção de informações sobre a Mídia-educação. Esse cenário precisa ser redesenhado, no sentido de garantir aos docentes o aparato teórico-prático mínimo para alicerçar o seu fazer. Motivados pelo panorama já exposto, propomos uma ação de extensão em formato de curso de aperfeiçoamento denominado “Formação docente, mídias e tecnologias na Educação da Infância”, coordenado pelos professores Sandro da Silva Cordeiro e Sandra Mara de Oliveira Souza, no ano de 2016. Esta iniciativa foi desenvolvida pelo Núcleo de Educação da Infância e contou com o envolvimento de diferentes unidades da Universidade Federal do Rio Grande – UFRN, a saber: Centro de Educação, Departamento de Comunicação Social e Instituto Metrópole Digital, enquadrando-se como uma ação conjunta de formação docente. Teve, ainda, o apoio do Programa de Formação Continuada de Profissionais do Magistério da Educação PROFORMAÇÃO), vinculado ao Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) – 2010-2019, o qual visa contribuir para a qualidade da Educação Básica, principalmente, no que tange à formação continuada de professores.Outro dado importante é que este projeto de extensão também apresentou vinculações com o Programa de Formação Continuada do Centro de Educação (PROFOCO), que contribui com atividades voltadas para a melhoria da qualidade da educação no estado do Rio Grande do Norte e também na UFRN. O curso teve como público alvo professores de instituições de ensino públicas e privadas, além de alunos concluintes dos cursos de graduação da UFRN. Essa proposta de formação apresentou um formato específico, prevendo a existência de encontros temáticos, organização e implementação de projetos envolvendo as mídias e tecnologias e escritura de artigo relatando a experiência desenvolvida. A proposta apresentava, claramente, a relação entre teoria e prática, no sentido de permitir a ampliação do olhar dos participantes para as diversas possibilidades de aplicação do conhecimento construído. Nesse sentido, os artigos, presentes nesta publicação, são frutos de vivências dos cursistas durante o desenvolvimento de seus projetos de intervenção, relatando as suas impressões sobre o trabalho realizado e as aprendizagens dos envolvidos e dando provas de que é possível concretizar ações significativas, envolvendo a Mídia-educação em diferentes contextos sociais. A coletânea conta, também, com a contribuição de artigos dos formadores, professores que foram convidados a proferir os encontros temáticos e que nos brindam com suas pesquisas e reflexões a respeito dos assuntos tratados ao longo do curso. O livro encontra-se organizado em duas partes. Na primeira – Mídia-educação: reflexões teórico-metodológicas – organizamos um bloco de textos relacionados às experiências de pesquisa e de intervenções educativas voltadas para o trabalho com as crianças, dando voz aos professores formadores do curso de aperfeiçoamento. Os artigos elucidam algunsconceitos próprios da área de Mídia-educação, relacionando-os com vivências práticas, sistematizadas pelo uso de diferentes instrumentos de investigação. Já na segunda parte – Mídia-educação e prática pedagógica - quem toma a palavra são os cursistas, que expressam, por meio da linguagem escrita, as suas experiências como professores-pesquisadores da Mídia-educação. Esses cursistas, preocupados com o desenvolvimento de sequências didáticas, revelam as possibilidades de trabalho dentro dos temas discutidos ao longo do curso, no que se refere a crianças da Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. Nas experiências relatadas em todos os artigos, fica evidenciado o potencial das crianças para se apropriar e produzir cultura (PERROTTI, 1982), sendo encaradas como sujeito histórico e social. Fica explícito, também, o protagonismo infantil (SARMENTO, 2003) no modo como as ações são direcionadas a elas, dando-lhes vez e voz, escutando o seu ponto de vista sobre os assuntos tratados nos diversos espaços sociais. É reconhecida a sua autonomia no pensar, percebendo que são portadoras de um saber próprio da infância. É nessa concepção de criança e de infância que as experiências, apresentadas neste estudo, fundamentam-se, percebendo esses sujeitos como seres pensantes e que muito têm a nos dizer sobre o mundo circundante. O livro é um convite à ousadia, a desbravar lugares nunca antes conquistados, a sair da zona de conforto, a utilizar sem reservas a Mídia-educação e seus direcionamentos, a compreender a importância da criança enquanto consumidora e produtorade mídia. É também um convite a ressignificar as experiências mostradas nesta pesquisa, levando-nos, cada vez mais, a perceber que a educação é um lugar com múltiplas possibilidades. Sandro Cordeiro e Sandra Mara de Oliveira Souza.