Correlato eletroencefalográfico do estado vibracional
O estado vibracional (EV) é descrito como uma sensação de vibração intensa por todo o corpo, em que o sujeito se mantém num estado de relaxamento psicofisiológico que pode ser gerado de forma espontânea ou autoinduzida. Pessoas que aplicam esta técnica relatam alterações do estado mental e emocional...
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Formato: | Dissertação |
Idioma: | por |
Publicado em: |
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Assuntos: | |
Endereço do item: | https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/17356 |
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Resumo: | O estado vibracional (EV) é descrito como uma sensação de vibração intensa por
todo o corpo, em que o sujeito se mantém num estado de relaxamento psicofisiológico
que pode ser gerado de forma espontânea ou autoinduzida. Pessoas que aplicam esta
técnica relatam alterações do estado mental e emocional, tais como: relaxamento,
disposição, limpidez de pensamento, equilíbrio emocional, melhoria do raciocínio, bemestar,
entre outros. Estas são, entretanto observações subjetivas, sendo a mensuração
deste fenômeno uma lacuna e um desafio para a ciência. O objetivo desta pesquisa é
explorar sistematicamente o estado vibracional no âmbito da neurociência. Desta forma,
medidas eletroencefalográficas (EEG) foram utilizadas para observar se a sensação
subjetiva de EV é acompanhada por mudanças na atividade elétrica cerebral. Além
disso, para avaliar se o EV provoca algum efeito positivo em funções cognitivas como
atenção e memória, foi utilizado um teste de reconhecimento de palavras antes e depois
da aplicação da técnica de EV. Foram também aplicados questionários de dados gerais
socioeconômicos e de saúde, do perfil de estados de humor, de qualidade do sono, além
de inventários psicológicos. O foco inicial do trabalho foi a análise estatística dos dados
de EEG, ficando as outras análises para uma etapa posterior. Dois grupos de voluntários
foram analisados, o primeiro formado por 14 sujeitos que praticam a técnica de EV há
pelo menos 10 anos (Grupo Experiente - GEXP), e o segundo formado por 11 sujeitos
que nunca haviam realizado a técnica (Grupo Controle - GCONT). O GCONT obteve
instruções sobre a técnica de EV antes dos experimentos. Foram realizadas análises
estatísticas dos registros eletroencefalográficos, para comparar os grupos, em quatro
condições: Basal, Relaxamento, Não-EV (período em que o sujeito está engajado na
tarefa, mas ainda não percebe o EV) e EV (período em que o sujeito percebe o EV).
Uma vez que os sujeitos do GCONT relataram não ter conseguido atingir a condição de
EV propriamente, a comparação entre grupos foi feita apenas nas três condições, Basal,
Relaxamento e Não-EV. Para isso, foi usado o teste de Mann-Whitney U com um limiar
estatístico de p<0,05. De forma geral, o GEXP apresentou maior potência na banda de
frequência alfa 2 (9,5-11,0 Hz) em todas as condições. Durante o período Não-EV, o
GEXP também apresentou uma maior potência na banda de frequência alfa 3 (11,5-13,0
Hz) na região temporal esquerda, e gama 1 (30,5-55,0 Hz) e gama 2 (65,0-80,0 Hz) em
regiões central, parietal e temporal esquerda, mas menor potência na banda de
frequência teta 1 (3,5 - 5,0 Hz), em regiões centro-parietais. Para a análise estatística
intragrupo, entre as condições, utilizou-se o teste estatístico Wilcoxon pareado.
Observaram-se diferenças significativas (p<0,005), principalmente em regiões centrais,
em teta 1 (3,5-5,0 Hz), sendo maior no Relaxamento, quando comparado com as
condições Basal e Não-EV, no GCONT, e com o Não-EV e EV, no GEXP. No GEXP, a
potência de gama 1 (30,5-55,0 Hz) e gama 2 (65,0-80,0 Hz) foi difusamente maior
durante o EV, se comparado às outras três condições. Para o GCONT, apenas a
condição Basal apresentou maior potência de gama 1 (30,5-55,0 Hz) e gama 2 (65,0-
80,0 Hz), se comparado com o Relaxamento. O aumento de teta 1 no Relaxamento,
principalmente no GCONT, pode estar associado a uma maior sonolência deste grupo
durante esta condição. Já o aumento de alfa 2 durante o Não-EV e o EV, pode estar
associado com processos de atenção e cognição (DOLPPERMAYR et al., 2002; FELL
et al., 2010; KLIMESCH et al., 1999; RAY E COLE, 1985). Por outro lado, o aumento
da potência de gama em sujeitos experientes na técnica de EV encontrado aqui e em
trabalhos anteriores, em meditadores experientes (FELL et al., 2010; LEHMANN et al.,
2001; LUTZ et al., 2004), poderia estar associado a alterações nos processos mentais e
cognitivos destes praticantes, tais como atenção, memória operacional, aprendizagem e
percepção consciente embora, análises adicionais devam ser realizadas para excluir a
possibilidade de interferência de artefatos musculares nos dados de EEG. Estes
resultados suscitam a hipótese de que no engajamento da tarefa do EV e durante o EV,
os sujeitos do GEXP conseguem manter-se em um estado de alerta, porém com maior
nível de relaxamento e concentração. Uma inspeção mais detalhada dos dados, além de
outros experimentos com diferentes protocolos, um maior número de sujeitos e
pesquisas longitudinais são necessários para que testar esta hipótese |
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