A organização social como verdadeiro objeto da crítica no Segundo Discurso
A ideia de que as desigualdades naturais não implicam em desigualdades políticas e morais (i.e., desigualdades sociais) deve ser vista como o ponto de partida do diagnóstico apresentado por Rousseau no Segundo Discurso. As desigualdades sociais tornam-se parte da vida humana apenas após a passagem d...
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EDUFRN
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oai:periodicos.ufrn.br:article-214242021-01-30T03:34:38Z A organização social como verdadeiro objeto da crítica no Segundo Discurso Tomé, Julio Amor-Próprio Consentimento Desigualdades Sociais Rousseau A ideia de que as desigualdades naturais não implicam em desigualdades políticas e morais (i.e., desigualdades sociais) deve ser vista como o ponto de partida do diagnóstico apresentado por Rousseau no Segundo Discurso. As desigualdades sociais tornam-se parte da vida humana apenas após a passagem do Estado de Natureza para o Estado Civil. O Estado Civil seria um Estado artificial e de desordem, sobre o qual as pessoas desenvolvem a faculdade do aperfeiçoamento (ou perfectibilidade) e, consequentemente, o sentimento (artificial) do amor-próprio. Com o desenvolvimento do amor-próprio, as pessoas começam a se comparar umas com as outras e desejam ser mais estimadas que as demais por seus semelhantes. Desse modo, o amor-próprio seria o grande responsável pelo desenvolvimento das desigualdades sociais entre as pessoas. Esse trabalho, porém, deseja mostrar que o amor-próprio, enquanto um sentimento artificial, é, em si mesmo, neutro e dependente das condições sociais que está inserido. Dessa forma, podem haver dois tipos de amor-próprio – o inflamado e o igualitarista - que só poderá ser determinado pelo modo como as instituições sociais estarão organizadas e, portanto, as desigualdades não podem ser vistas como uma implicação direta do amor-próprio, pois dependeriam dos arranjos sociais. A partir dessa leitura, há uma teoria normativa das desigualdades sociais, que é independente das ações humanas, no pensamento de Rousseau, sobre a qual a ideia de que as pessoas são naturalmente boas permanece assegurada e se pode defender a ideia da continuidade entre as obras do filósofo genebrino, bem como a possibilidade da criação de um Estado Civil justo (frente ao diagnóstico do Segundo Discurso). EDUFRN 2021-01-26 info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion Avaliado pelos pares application/pdf https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/21424 Princípios: Revista de Filosofia (UFRN); v. 28 n. 55 (2021): Princípios: Revista de Filosofia (UFRN); 62-90 1983-2109 0104-8694 10.21680/1983-2109.2021v28n55 por https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/21424/13756 Copyright (c) 2021 Julio Tomé |
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Portal de Pediódicos Eletrônicos da UFRN |
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A ideia de que as desigualdades naturais não implicam em desigualdades políticas e morais (i.e., desigualdades sociais) deve ser vista como o ponto de partida do diagnóstico apresentado por Rousseau no Segundo Discurso. As desigualdades sociais tornam-se parte da vida humana apenas após a passagem do Estado de Natureza para o Estado Civil. O Estado Civil seria um Estado artificial e de desordem, sobre o qual as pessoas desenvolvem a faculdade do aperfeiçoamento (ou perfectibilidade) e, consequentemente, o sentimento (artificial) do amor-próprio. Com o desenvolvimento do amor-próprio, as pessoas começam a se comparar umas com as outras e desejam ser mais estimadas que as demais por seus semelhantes. Desse modo, o amor-próprio seria o grande responsável pelo desenvolvimento das desigualdades sociais entre as pessoas. Esse trabalho, porém, deseja mostrar que o amor-próprio, enquanto um sentimento artificial, é, em si mesmo, neutro e dependente das condições sociais que está inserido. Dessa forma, podem haver dois tipos de amor-próprio – o inflamado e o igualitarista - que só poderá ser determinado pelo modo como as instituições sociais estarão organizadas e, portanto, as desigualdades não podem ser vistas como uma implicação direta do amor-próprio, pois dependeriam dos arranjos sociais. A partir dessa leitura, há uma teoria normativa das desigualdades sociais, que é independente das ações humanas, no pensamento de Rousseau, sobre a qual a ideia de que as pessoas são naturalmente boas permanece assegurada e se pode defender a ideia da continuidade entre as obras do filósofo genebrino, bem como a possibilidade da criação de um Estado Civil justo (frente ao diagnóstico do Segundo Discurso). |
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