Vozes não silenciadas de alfabetizados jovens e adultos e suas repercussões na formação docente /

Pessoas com baixa escolarização têm sido historicamente silenciadas perdendo vez e voz na sociedade. A partir dessa preocupação, este trabalho de Doutorado tem como finalidade discutir a problemática que assim se configura: que concepções apresentam alfabetizandos jovens e adultos sobre si mesmos, s...

ver descrição completa

Na minha lista:
Detalhes bibliográficos
Principais autores: Rosado, Cristine Tinoco da Cunha Lima., Campelo, Maria Estela Costa Holanda., -Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Formato: Tese
Publicado em:
Assuntos:
Endereço do item:https://repositorio.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/14454/1/VozesN%c3%a3oSilenciadas_Rosado_2013.pdf
Tags: Adicionar Tag
Sem tags, seja o primeiro a adicionar uma tag!
Descrição
Resumo:Pessoas com baixa escolarização têm sido historicamente silenciadas perdendo vez e voz na sociedade. A partir dessa preocupação, este trabalho de Doutorado tem como finalidade discutir a problemática que assim se configura: que concepções apresentam alfabetizandos jovens e adultos sobre si mesmos, sobre seu direito à educação, sobre a escola e seu processo de alfabetização? - Que contribuições - de vozes não-silenciadas de alfabetizandos da EJA - podem ser oferecidas num processo de formação continuada de seus professores? Na tentativa de responder a essas questões, são elencados três objetivos: 1 - Oportunizar a voz de alfabetizandos da EJA sobre o seu direito à educação, e o seu processo de alfabetização na escola formal. 2 - Conhecer a avaliação de alfabetizandos da EJA sobre si mesmos e sobre a Escola, em termos de sua estrutura e prática pedagógica. 3 - Fomentar, a partir das vozes dos alunos, um processo reflexivo de formação continuada para professores, na perspectiva de aproximar a prática docente dos anseios dos sujeitos alfabetizandos. Nessa direção, realiza-se, no âmbito da investigação qualitativa, um estudo de caso complementado pela pesquisa-ação, o que caracterizou a modalidade de estudo misto. Para a consolidação do estudo, foram selecionados vinte e seis alunos alfabetizandos da EJA e nove docentes da referida modalidade de ensino, de uma escola pública da cidade de Natal/RN. Como procedimentos de construção de dados, no tocante aos alunos, foram utilizados o questionário, a observação, a entrevista semidiretiva e a análise documental. No que se refere ao trabalho com as professoras, os dados foram construídos nos encontros de formação continuada, sendo estes audiogravados e, posteriormente, transcritos, além de se utilizar a estratégia metodológica do grupo focal, unindo as necessidades formativas dos docentes com a voz dos alunos. A organização e a análise dos dados foram orientadas por princípios da análise de conteúdo. Nessa análise, emergiram três categorias: o aluno da EJA como sujeito de direitos; a língua escrita na escola da vida e na vida da escola; concepções dos alunos sobre o que deve saber e fazer um professor da EJA. Ressalta-se que a investigação tem como eixo fundante a fala dos alunos da EJA no seu contexto escolar, procurando lhe atribuir um sentido pedagógico no processo de formação continuada de seus professores. O estudo aponta que os jovens e adultos alfabetizandos destacam a necessidade do aprendizado da leitura e da escrita, atribuindo a esse aprendizado significados próprios, relacionados às suas vivências. Além disso, reconhecem a complexidade do processo de aprendizagem da língua escrita, valorizando tanto a apropriação desta, quanto das diversas experiências práticas de uso social. A percepção de jovens e adultos sobre o seu processo de alfabetização contribui para a consolidação da prática pedagógica de alfabetizar letrando, sendo a alfabetização percebida como um meio para inúmeras aquisições na vida pessoal e profissional. Os alunos da EJA, apesar de reconhecerem que seus direitos básicos à educação foram negados, assumem parte da responsabilidade do seu insucesso escolar, desconsiderando, parcialmente, as questões sociais e políticas que permeiam a problemática do analfabetismo. Apesar de a criticidade ser estimulada no ambiente escolar investigado, muitos alunos da EJA ainda carregam os estigmas sociais em suas falas e vivências, os quais lhes imputam a visão depreciativa de si mesmos, como a de pessoas que fracassaram e que sofrem as penalidades da não alfabetização na idade própria. A pesquisa demonstra que é necessário superar a visão reducionista ainda lançada sobre os alunos da EJA, numa perspectiva para além de seus fracassos escolares. Assim sendo, a voz do aluno, em um processo de formação continuada, pode trazer contribuições que ajudam a compreender suas visões e expectativas sobre a dinâmica escolar, podendo iluminar possíveis estudos e, quiçá, novas práticas pedagógicas#$&Persons with low education have historically been silenced causing them to lose opportunities and voice in the society. From this concern, this PhD study has as its purpose to discuss this problematic that configures in this manner: What conceptions young adult and adult learners have about themselves, about their right to education, about school and their literacy process? What contributions -the non-silenced voices of such learners in adult education -can be offered in a process of continuing trainingof their teachers? In attempting to answer these questions, three goals are listed: 1 -Give opportunities to the voices of EJA Youth and Adult School -learners to be heard with regards to their right to education and the formal process of literacy in school. 2 -Learn about the assessments that EJA learners make about themselves and about their school, in terms of its structure and pedagogical practice. 3 -Foster, from the voices of the students, a reflective process of continuing education for teachers, with the perspective of bringing the teaching practice closer to the expectations of the learners. In this direction, a case study takes place in the context of qualitative research, complemented by action research, which characterizes a mixed mode of study. For the consolidation of the study, twenty-six students from EJA-Youth and Adult schools -and nineteachers of that type of education were selected from a public school in the city of Natal / RN. The procedures of data gathering with regards to students were the following: questionnaire, observation, semi-direct interview and document analysis. With regard to working with the teachers, the data were gathered in continuing education meetings, whichwere recorded and later transcribed, in addition, the focus group methodological strategy was used, joining the training needs of teachers with the voice and requests of students. The organization and analysis of data were guided by principles of content analysis. In this analysis, three categories emerged: the EJA student as subjects with rights, the written language in the school of life and the life of the school, students' conceptions about what a teacher of adult education should do and know. It ́s noteworthy that research has as its founding axis the speech of EJA students in their school context, trying to assign a pedagogical sense in the process of continuing training of their teachers. The study shows that young adults and adults learners highlight the need of learning to read and to write, and assigning to this learning process their own meaning, related to their experiences. Furthermore, it recognizes the complexity of learning the written language, valuing both the appropriation of this, and the various practical experiences of its social use. The perception of youth and adults about their literacy process contributes to the consolidation of the pedagogical practice of teaching literacy, and literacy being perceived as a means to numerous acquisitions in their personal and professional lives. Students of EJA, despite recognizing that their rights to basic education were denied, take some responsibility for their failure at school, disregarding, in part, the social and political issues that underlie the problem of illiteracy. Despite the fact thatcriticism was encouraged at the investigated school, many students still carry and express social stigmas in their speech and their experiences, and these stigmas impute a disparaging view of themselves as people who failed and who suffer the penalties of not becoming literate at the proper age.The research demonstrates that it is necessary to overcome the reductionist view still launched on students from youth and adult schools, and view them in a perspective beyond their academic failure. Thus, the voice of the student, in a process of continuing education, can bring contributions that help understand their views and expectations about the school dynamics and can give light to possible studies and, perhaps, new teaching practices.