Ivan Pedro de Martins

Ivan Pedro de Martins (Abadia do Pitangui, 10 de junho de 1914 – Porto Alegre, 2003) é um escritor mineiro que se radicou no Rio Grande do Sul, reconhecido na literatura gaúcha pela publicação de três obras que configuram a sua “Trilogia da campanha”.

Nascido em Minas Gerais, o autor cresceu no estado vizinho, Espírito Santo. O seu pai era baiano, a mãe, suíça. O menino amadureceu lendo os contos de Perrault em língua francesa, depois leu Julio Verne, passando por Racine, Voltaire, Rousseau, entre outros. Durante a adolescência, residiu no Rio de Janeiro e, mais tarde, passou a morar em São Gabriel, no interior do Rio Grande do Sul, na propriedade rural do seu sogro, espaço em que pode entrar em contato com a realidade campeira. O autor chegara à região da campanha em face do fracasso do levante comunista de 1935, procurava, pois, refúgio ante a repressão.

Frequentou a Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro, participou do Primeiro Congresso Brasileiro da Juventude Estudantil Proletária em 1934, integrou vários movimentos a partir de estudos de base marxista. Foi fundador da Academia de Letras no Curso de Direito e da revista “Juventude” que se seguiu ao congresso de 1934.

Viveu fora do Brasil em mais de uma oportunidade, fixou residência no país em 1943, publicou ''Fronteira Agreste'' (1944), livro que causou grande polêmica à época; ''Caminhos do Sul'' (1945); ''Do Campo e da Cidade'' (1946), livro de contos; ''Sobre a Renda Nacional'' (1954), para o Ministério da Educação e Cultura; ''Introdução à Economia Brasileira'' (1961); ''O amanhã é Hoje'' (1970), entre outros.

''Fronteira Agreste'', ''Caminhos do Sul'' e ''Casas acolheradas'' (s/d), conformam a chamada “Trilogia da campanha”. Antonio Hohlfeldt ainda menciona vários textos não publicados, outros inacabados deixados pelo autor.

Ivan Pedro de Martins é autor da peça de teatro ''Tropeiros'', apresentada no Teatro Duse, sob a direção de Carlos Murtinho, na década de 1960. Além disso, o autor atuou como crítico literário, com crônicas dispersas no antigo Diário de Notícias do Rio de Janeiro.

Trabalhou como tradutor, registrando-se, entre seus trabalhos, traduções de Marshal Mcluhan como ''O meio é a mensagem'' (1969); ''Guerra e Paz na Aldeia Global'' (1971) e ''Do Clichê ao Arquétipo'' (1973), todos pela Editora Record.

O projeto literário do autor, configurado na chamada “Trilogia da campanha”, está expresso em textos coletivistas, de tal forma que ''Fronteira Agreste'', por exemplo, não enfoca indivíduos ou grupos de indivíduos, mas a estância propriamente dita e tudo que diz respeito a ela. ''Caminhos do Sul'' aborda os corredores, que unem diferentes estâncias e ostentam aparente democracia, espaço para todos, mas que se restringem à morada dos homens e das mulheres expulsos das grandes propriedades. ''Casas acolheradas'' abre espaço para a incipiente vida urbana das cidades que emergem na região da campanha do Rio Grande do Sul. As comunidades – estâncias, corredores e cidades – animizam-se na prosa de Ivan Pedro de Martins, configurando-se personagens reais de um Rio Grande do Sul que principia sair do modo agrário para a industrialização e que, com isso, vivencia o êxodo rural. Sob certo aspecto, a prosa romanesca da “Trilogia da campanha” dialoga com a narrativa naturalista de romances como O Cortiço, de Aluísio de Azevedo.

Trata-se de romances que seguem a mesma linha temática de denúncia da miséria e degradação do universo campeiro que se encontra nas obras, por exemplo, de Aureliano de Figueiredo Pinto, Cyro Martins, Pedro Wayne, filiando-se ao romance de 30 ou Neorealismo, que caracteriza a segunda fase do Modernismo no Brasil em obras de Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, entre outros.

Aline Woloski estabelece mais que um elo temático entre Ivan Pedro Martins e Jorge Amado, ela recupera as cartas trocadas entre os dois prosadores entre 1941 e 1942, enquanto o escritor baiano esteve exilado na Argentina e no Uruguai. Ambos haviam pertencido a Aliança Libertadora Nacional (ANL) que se opusera ao governo de Getulio Vargas. As cartas, num tempo em que Martins vivia em São Gabriel/RS, serviam para manter atualizadas as notícias sobre o Brasil, colocar em dia informações sobre a produção literária de ambos e estabelecer correspondência com a família de Jorge Amado, sem o olhar repressivo da censura. Fornecido pela Wikipedia
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